Estratégias de ação:
Salmo 90.10: “tudo passa rapidamente, e nós voamos”...
O que diria o salmista em nossos dias?
Qual será o ambiente deste início de III Milênio?
O TERCEIRO MILÊNIO SERÁ MARCADO PELA RAPIDEZ,
PELA INSEGURANÇA E CONFLITO TRAZIDO PELAS PERMANENTES MUDANÇAS!
Para acompanharmos seu ritmo, e termos uma contribuição significativa para dar à sociedade onde estivermos inseridos, precisamos, também nós, nos tornar sempre mais ágeis, mais dinâmicos, respirando uma fé viva, prática, autêntica, que seja capaz de responder aos novos desafios, enquanto continua apontando para a cruz do Calvário, e se fundamentando na Rocha Eterna, no único Nome dado entre os homens, pelo qual importa que sejamos salvos (At 4.12).
1 Pedro 3.15 = Como respondemos hoje àqueles que
pedem pela Razão de nossa Esperança” - qual a linguagem do
III Milênio?
Se anteriormente falamos do CARÁTER PESSOAL que cada um de nós deve cultivar, agora precisamos olhar para o CARÁTER COMUNITÁRIO!
Creio que a comunidade primitiva continua a oferecer um dos paradigmas fundamentais para a sobrevivência no terceiro Milênio, numa era já chamada de pós-moderna: o paradigma da INTERDEPENDÊNCIA
(At 2.42-47) / O padrão é a vida no Corpo!
Se quando falamos do caráter individual, falamos
da necessidade de entregar novamente o nosso coração a Jesus,
e devotar-lhe nossa paixão, quando aqui falamos do caráter
comunitário, precisamos reafirmar o nosso
compromisso com
o CORPO DE CRISTO!
A relação, a comunhão, o compartilhar de vidas o tempo dedicado ao próximo, serão elementos muito fortes de contracultura, numa sociedade cada vez mais individualista, esquizofrênica, solitária e privatista!!!
DOTCOMGUY = pessoa.com.br (pessoa virtual).
Creio que o maior investimento que podemos fazer é nas pessoas, na amizade, nas relações humanas... na vida como tal!
Isto parece óbvio, mas é só pegar nossos orçamentos, e ver quanto do que Deus nos tem dado é investido em pessoas, e quanto é investido em coisas!
Mesmos nas igrejas – as coisas sempre tem a prioridade!
Enquanto vivemos fazendo reuniões, e somos
consumidos por estruturas sem fim, as pessoas morrem! Morrem de solidão,
de depressão, de absoluto vazio, morrem doentes, pela falta de verdadeiras
amizades, de desesperança...
Vejam a crescente onda de violência em nossas cidades...
(68 pessoas assassinadas em um só fim-de-semana em SP –12 e 13/02/00), pelas doenças existenciais – depressão, vazio, falta de sentido..., ou são mortas por um materialismo ganancioso e insaciável!
Afora o grande número de suicídios e mortes
causadas pelo álcool e pelas drogas.
Contudo, se não falarmos mais com Deus, nosso testemunho a respeito de Deus será pobre e estéril.
O Kérigma (proclamação) cristã continua o mesmo! Porém, ele precisa ser visto e ouvido não só no templo, mas no cotidiano das pessoas...
A diversidade de público exige que tenhamos uma diversidade de programas cada vez maior. Diversos cultos, p. ex., para públicos diferentes!
Nosso púlpito tem que adquirir uma mobilidade nunca dantes vista: deverá estar nas ruas, nas praças, nas fazendas, nas fábricas, nas escolas...
Antes de usarmos o púlpito da tecnologia, precisamos usar o púlpito das nossas VIDAS. Nossa vida deve ser o nosso púlpito primeiro, onde estivermos e com quem estivermos!
MAS, também o PÚLPITO TECNOLÓGICO precisa ser usado com veemência... Com que facilidade hoje podemos trocar informações, mensagens, pregações, experiências, ouvir testemunhos, adquirir material, enfim... sair do güeto e não precisar inventar a roda toda vez de novo!
As igrejas e os irmãos têm que deixar de ser mesquinhos, pequenos, e se unir em projetos, atividades, e especialmente no compartilhar de suas descobertas, sua produção teológica, seu material e outras coisas que tem funcionado!
Quanta coisa que já foi feita, estudada, não precisaríamos fazer de novo, se os que já “inventaram a roda”, apenas o compartilhassem!
A maior tarefa na proclamação da Igreja, continua sendo sua proclamação profética, de contracultura, de não-conformismo com os padrões deste mundo.
QUEM PODE FAZER DIFERENÇA NUMA HORA DESTAS? Quem senão um cristão apaixonado, visionário, que não crê no triunfo da morte, mas vê os obstáculos, como oportunidades de crescimento e vitória?
Ainda ousamos crer assim no poder de Deus, ter tal fé e esperança?
Os ossos secos estão por todo o lado! Querem encobrir nossa visão...
Ezequiel não fugiu. Ele teve que olhar para os ossos, teve que encarar sua desgraça e miséria, e teve que profetizar olhando para a morte.
“Filho do Homem, podem estes ossos reviver?”
Que situação... Tudo em volta grita: NÃO! Não há nada que possamos fazer! A morte é soberana!
Mas, Deus o envia... Ele não precisa fazer o milagre, a transformação não depende dele... Ele apenas precisa profetizar!
SIM, é hora de profetizar vida sobre os ossos secos, de buscar o triunfo sobre as estruturas de morte!!!
Não pode haver situação pior que esta ou do túmulo que guardou Jesus, mas Deus sempre mostrou que pode transformar a pior realidade num grande oásis de VIDA.
Creia, não há coisa difícil demais para Deus!
Igreja não pode só acontecer aos Domingos...
O Domingo serve para nos resguardar, reabastecer... É como um intervalo, no árduo jogo que estamos jogando...
O JOGO, porém, acontece durante a semana...
É no trabalho, na rua, no escritório, no campus, na escola!!!
É com aquelas pessoas que Deus colocou como nossos patrões, ou empregados, ou colegas, vizinhos, etc...
É para eles que devemos ser Sal e Luz.
O SAL só é útil fora do saleiro...
Porém, numa breve análise de nossos cultos e programas, veremos como todos eles são voltados para quem já é cristão, ou já conhece a linguagem do rebanho...
Liturgias, chavões, cânticos e hinos pressupõe uma bagagem que deixa o “intruso” completamente desnorteado!
Raras são as comunidades que planejam suas ações tendo em vista aquele que está “fora dos muros”. Basta verificarmos em nossas comunidades, e ver quais são as que tem alguma programa feito, dirigido e orientado para um público “não–cristão”, “não-crente”.
Ex. – Minha experiência na pastoral universitária, e da difícil transição entre o “mundo da igreja” e o “mundo da universidade”!
Gastamos muita energia com quem nada quer, e pouca com os que nada conhecem, mas gostariam de encontrar algo...
Jesus morreu pelos sem-vida, sem-esperança, sem-sentido, sem-pão, sem-amor.. é em função destas pessoas que as estruturas missionárias da Igreja devem se voltar.
Este é um grande desafio para os crentes: Como diz Rick Warren: aos perdidos Jesus diz vem, mas AOS CRENTES ELE DIZ: VAI!!!
Que amizade é esta? Ela exclui o abraço, o olho no olho, o trabalhar das diferenças, o afeto, o perdão depois da briga...
Uma Igreja que vive o amor e prega para suas necessidades!
Precisamos voltar a aprender a viver em COMUNIDADE.
Ter coisas em comum, chorar juntos, sorrir e celebrar nossas vitórias! Aliás, o que você tem em comum com os demais membros da sua comunidade? O mesmo pastor?
Uma das grandes necessidades é a de que a comunidade se ocupe em criar grupos de apoio. A velha comunidade que só tinha o grupo da OASE está sendo sepultada no final deste milênio.
Há uma infinidade de grupos ou de trabalhos que precisam receber atenção!
IMPERIOSO, contudo, será engajarmos todos os membros em algum pequeno grupo, pois o antigo esquema do culto semanal já não bastará!
Claro que não é ativismo. Nenhuma comunidade será forte e capaz de fazer tudo, mas naquilo que é seu forte, ele deve fazê-lo bem!
Se nós não oferecermos nada, as pessoas vão procurar em outros lugares, as vezes para o bem, geralmente para o mal!
O QUE FAZER SE SOMOS SEMPRE OS MESMOS?
Se pregarmos o evangelho olhando para as necessidades
das, MUITA GENTE NOVA VIRÁ... É com estes que seremos Igreja!
– Aliás, diz Rick Warren em seu livro “Uma Igreja com Propósitos” que quem não for amado, tem todo o direito de ir embora... E muitos vão mesmo, e nem sempre nos dizem isto!
O amor fraternal é nossa marca! Gl 5.22-23 mostra o padrão de Deus, o rosto de Jesus, o qual ele quer estampar sobre nossa comunidade!
Nosso primeiro compromisso com as pessoas não é o de exorcizá-las, de exercer os nossos dons sobre elas, mas de amá-las com profunda e terna compaixão! ISTO É O NOSSO CULTO!
Precisamos de pessoas que voltem a fazer de sua
vida um culto inspirativo, que contagie, que contamine, que seja
como o néctar para as abelhas, atraindo os outros para perto de
Deus!
Como diz o Martin, igreja não é concessionária, é oficina, é hospital que acolhe e serve!
Temos que ser igreja que restaura, que cura, que inclui...
Canal de Nova Vida e transformação real e efetiva!
Jesus sempre ia aonde estavam pessoas carentes e necessitadas, seja espiritualmente, materialmente, emocionalmente, fisicamente...
Exercitar o amor e a compaixão é nossa tarefa! Era isto que faltava aos fariseus, por mais éticos e sérios que fossem, e olha que eles eram mais éticos e coerentes no cumprimento da vontade de Deus do que muitos de nós!
Onde não há carências, Deus está fora! Afinal, este mundo é território inimigo, terreno a ser conquistado, e se depois, quando a presença de Deus for plena, em seu reino eterno, e que veremos o fim definitivo de todo tipo de carências!
Contudo, você é o sacerdote efetivo, chamado para estar lá, cobrindo estas “brechas”, orando, aconselhando, ouvindo...
O alcance de uma comunidade não pode se restringir
ao “tamanho da agenda do seu pastor/clero”!
Não, Deus te colocou aí para ser seu sacerdote, primeiro em tua família, depois entre as pessoas que você conhece e sabe que precisam de ti!
Por fim, depois de ter feito sua parte, se ainda houver
necessidade, chame o presbíteros ou o pastor...
A liderança tem que ser sonhadora, visionária e carismática...
Temos que ter os pés no chão, mas precisamos aprender a andar por fé, crer no PODER de Deus! Senão, dispensemos a Deus e façamos tudo por nossa própria conta!
Em outras palavras: na igreja do III milênio, a figura do membro “esquenta-banco”, do membro nominal, tende a desaparecer!
Não sobram muitas razões para ser membro de uma igreja, sem ter convicção de vida e fé!
Em tal Igreja, precisamos ir nos libertando do conceito hoje prevalecente de que Igreja acontece onde há o clero/ culto/ domingo/ e templo!
O III Milênio vai requerer igrejas muito dinâmicas, onde, ou todos os membros irão se engajar a partir de seus dons e ministérios pessoais, ou iremos patinar em um terreno que vai nos quebrar!
Tem muita Igreja que, sem dúvida, irá fechar
as portas!
CONCLUSÃO:
Nada substitui o mover do Espírito na igreja. O Espírito Santo é como o vento que sopra onde, quando e como quer. O Espírito Santo é livre e misterioso, não sabemos de onde vem nem para onde vai, só sabemos que Ele está presente, porque é impossível deixar de perceber o vento.
Registre-se portanto, que não há filosofia de ministério, organizações, métodos, campanhas de marketing ou quaisquer outras realidades que substituam a ação do Espírito Santo. Sabemos que todas estas coisas podem ajudar, e até mesmo se encaixam na nossa parte tipo remover a pedra, mas ressuscitar o morto é obra absoluta do Senhor Jesus, e não há nada que lhe roube a glória ou simule sua intervenção. O Espírito Santo de Deus não é manipulável: Ele é como o vento e não como o ventilador.
Uma igreja, portanto, que quer fazer diferença no mundo, deve ser um igreja carismática. Deve voltar à prática das disciplinas espirituais: oração, jejum, devoção pessoal e coletiva à luz da palavra viva de Deus, adoração livre que exalta a Deus Pai, Filho e Espírito Santo. Deve estar aberta aos carismas, na perspectiva de “buscar com zelo os melhores dons” ( I Cor 12.31), de tal maneira que seu ministério seja explicado à luz do transcendente, da intervenção direta do Espírito Santo, e não apenas pelos recursos diversos e potenciais humanos. (Ed Kivitz – p. 99).
Nossa missão, como Igreja do Senhor Jesus, não é converter as multidões, mas é trabalhar para que o Reino de Deus se instale entre nós, de forma plena e definitiva! Contudo, se o fizermos, com certeza alcançaremos muitos que procuram por respostas para sua vida, talvez até mesmo grandes multidões!“Santificado seja o Teu nome Senhor, Venha o Teu reino, seja feita a Tua vontade”. Amém.